Chiquinho e a necessidade de racionalidade

Nota prévia: gosto de Chiquinho. E se é verdade que hoje é moda gostar do moço, há três anos era motivo de bullying e chacota (como provado no link no fim do texto).

Dito isto, é tempo de acalmar os cavalos e não alimentar o peditório de que Chiquinho é o novo craque do Benfica. Não é. E contra mim falo, que ultimamente tem sido comum ouvirem-me a entoar «quem é o Enzo \ je ne sais pas». Chiquinho é um moço esforçado, que teve de lutar muito para ter uma oportunidade num clube com a dimensão do Benfica, ao qual chegou com todo o mérito. Mas Chiquinho não é Enzo, e, obviamente, muito menos é Zidane. Chiquinho tem lugar no plantel, mas não façamos dele aquilo que ele não é nem nunca será.

No fundo, eu admito, tenho muito medo de todo este hype que se está a gerar em torno do Chiquinho. Tenho medo porque há não muitos anos vi o mesmo tipo de promoção feita ao André Almeida, promovido acefalamente a estrela da companhia, dando razão para que não se reforçasse devidamente a posição, até a asneira custar caro. Tal como o Chiquinho, também o Almeida fez boas épocas, também o Almeida era um bom jogador de plantel, mas também o Almeida era curto para as ambições que o Benfica sempre deveria ter. Cabe-nos não cometer o mesmo erro.

Mas quem mais tem aproveitado este disparate é mesmo a imprensa mediática, principalmente aquela que é controlada pelos rivais do Benfica. Todo este hype à volta do Chiquinho é para eles ouro. Cada soundbyte que entusiasme os Benfiquistas em torno do Chiquinho é por eles explorado até ao tutano. Enquanto todos estivermos cegos com o Chiquinho, é possível vender a história de que o Chiquinho é um indispensável, e enquanto essa história for vendida, o próprio Roger está condicionado para o manter na equipa. O resultado é evidente: um Chiquinho titular significa um Aursnes deslocado para a ala onde não rende tanto, o que por sua vez significa um Benfica a jogar sem extremos, o que por sua vez significa um Benfica muito menos criativo e irreverente, o que enfim significa um Benfica muito mais perto de perder pontos contra os autocarros do Tugão. E meus senhores, estamos numa fase em que tudo cheira a anos 90, não temos margem para dar abébias!

Em suma, é altura de ter cabeça fria e perceber que a realidade é o que é. Temos de ser racionais e não alinhar em narrativas perigosas. Porque puxar pelo Benfica não é o nosso único dever, é igualmente nossa responsabilidade exigir sempre o melhor possível, e, por muito que queiramos o contrário, o Chiquinho não é o melhor que podemos ambicionar.

Prova do que escrevo no primeiro parágrafo são algumas respostas a este texto da minha autoria onde defendo o moço: https://www.facebook.com/obenfiquistacritico/photos/pb.100063717513286.-2207520000./1523054467877584/?type=3

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3 thoughts on “Chiquinho e a necessidade de racionalidade

  1. até porque pese embora a evolução do chiquinho ele ainda não teve um jogo com um adversário de elevado nível e que lhe coloque problemas onde ele mais os tem que é a defender.
    e neste sistema e naquela posição ele tem de defender muito mais do que aquilo que defende, e continuo a achar que ele deveria ser a opção ao joão mario e jogar na posição deste quando ele não puder e para lhe dar algum descanso, mas o problema é que no fundo este plantel só tem dois medios centros, o florentino e o aursnes.

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